O vale do Beijames tem o nome do rio que o percorre – o Beijames, afluente do rio Zêzere, nasce na zona dos Poios Brancos, a 1431m e desagua no Zêzere a 525m tendo uma extensão de 15,8 km. É um vale magnífico, dos mais interessantes da Serra da Estrela, caracterizado na sua parte superior por uma zona planáltica acompanhada por vertentes suaves que se alongam entre os marcos geodésicos dos Poios Brancos e Curral do Vento. Aqui, a maior altitude, ainda se pratica uma agricultura de montanha, assente no cultivo do centeio e na pastorícia de transumância.
É dominada por matos, reduzidos campos cerealíferos e pequenos bosques. Na zona mais escarpada, na vertente exposta a Norte, existe uma das maiores reservas de azinheiras, (Quercus rotundifólia) da Serra da Estrela. É neste ambiente, que, no leito do rio Beijames, se observam as rochas corneanas que o metamorfismo de contacto originou há 300 milhões de anos.
Na zona intermédia, o vale ganha uma morfologia muito apertada e escarpada, sinuosa e com grandes desníveis, explanando até se cruzar com o vale intermédio do Zêzere. É aí que existem os campos agrícolas, moldados pelas águas do rio ao longo de milénios fazendo dele o maior vale de aluvião da Serra da Estrela. É a área preferida das cabras que diariamente trepam as vertentes na busca do alimento que caracteriza a carne de cabrito, muito apreciada pela gastronomia da região. Segue-se a zona de aluvião que os inertes, transportados pelas torrentes invernais, constituíram nos melhores solos ao longo de milhares de anos. A actividade agrícola é, ainda, a base da sustentabilidade alimentar da população que, do seu labor e qualidades ambientais, retira a vantagem de uma dieta saudável.
As populações que habitam o vale são pessoas sãs, agradáveis, de trato fácil e hospitaleiras.
A Serra da Estrela faz parte da Cordilheira Central Ibérica, é o maior maciço montanhoso de Portugal e o mais elevado do continente, no Malhão da Estrela (Torre), com 1993m.
A sua geomorfologia é constituída por uma diversidade de planaltos que constituem a parte central da Serra.
Acima dos 1500 metros, evidencia-se o Planalto Superior, com uma paisagem muito marcada pela influência das massas de gelo que, durante cerca de 100 mil anos (fundidas há escassos 10.000 anos), ocuparam a sua quase totalidade, ao mesmo tempo que foram ocupando todos os vales que se iniciam no topo da serra para os modelar até altitudes mais baixas, de que são exemplo os vales glaciários do: Zêzere, Loriga, Alforfa e Covão do Urso, entre outros. A latitude, altitude, orografia, orientação e a proximidade ao Atlântico influenciam profundamente o clima na Serra da Estrela.
Os ventos atlânticos, carregados de humidade geram precipitações quando atingem a primeira barreira de condensação, a encosta ocidental da Serra, chegando a atingir, nos pontos mais elevados, valores acima dos 2.500 mm. Os vales do interior da Serra são mais amenos e com clima mais regular. De acordo com os dados da estação meteorológica das Penhas Douradas, localizada a 1.383 de altitude, os meses mais quentes e frios do ano são, os de Julho e Janeiro, respectivamente, com 17,4ºC e 2,5ºC. A queda de neve na Serra da Estrela tem, pela sua altitude, uma singularidade que a torna única em Portugal, com uma média aproximada de 2 meses com o solo coberto de neve na área do Planalto Superior, um abastecedor de água essencial. A Serra da Estrela fornece água a mais de 30% da população portuguesa!
A presença humana tem sido determinante na alteração da paisagem da Serra da Estrela, nomeadamente ao nível das alterações com a vegetação e a consequente erosão dos solos daí resultante. O fogo de origem antrópica, a pastorícia e a necessidade de áreas de cultivo para a sobrevivência das populações, terão começado em 7.635 BP, de acordo com os estudos paleobotânicos efectuados pela equipa liderada por Van der Knnap, da Universidade de Utrecht (Holanda).
A instalação de um radar por parte da Força Aérea Portuguesa, na Torre, em finais da década de 1950, foi o despoletar da evasão do Planalto Superior da Serra pelo automóvel revelando-se, na actualidade, o elemento mais perverso e com consequências imprevisíveis para o futuro da Serra da Estrela enquanto Área Protegida.
A especificidade da Serra da Estrela, com o seu clima, desníveis, vales, covões, lagoas, uma flora e fauna únicas (endemismos), associada à gente que desenvolve uma prática rural que vai mantendo, ainda, um mosaico agro – silvo – pastoril digna de registo, abarca todos os atributos capaz de seduzir aqueles que gostam e procuram os grandes espaços naturais.
O Parque de Campismo Rural Vale do Beijames quer contribuir e fazer parte integrante desse projecto!
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